segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Câmara de gás


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câmara de gás


com a cara enfiada em suas carnes

e ela nas minhas

duro como pedra

lambendo sua rata

esperando um gozo de alegria

uma ejaculação de paz

ou até mesmo de caos

antes que a tristeza venha me pegar

porque com certeza ela vem perguntar

"você não está tão feliz assim, está?"

e ela tem sempre razão

eu aqui com meus dedos fedendo a cigarros

quero fugir dessa mulher

seu gosto já não é tão bom

talvez nunca tenha sido

talvez ela também queira ir embora

queria ir procurar aquele cara que um dia amou

mas que se deixou perder em uma briga de supermercado

mas estamos aqui e teremos de fazê-lo

ou não...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Um Pouco de Ilusão

- Saia daqui agora! Aqui não é lugar de brigas!

Assim, cai em cima de um monte sacos de lixo ao lado da calçada expulso de um bar. Ali afundado no lixo apenas com a boca amostra acendi um cigarro e relaxei. Meu descanso acabou com o sol vindo queimar minhas retinas e com aquela mão estendida pra me levantar. Não me lembrava direito quando a tinha conhecido. Mas foi no meio do lixo que ela me ajudou.

- Quer um cigarro? - perguntei.

- Não, e você que ficar ai? - já estava confortável ali. Mas aceitei a ajuda. Me levantei pegando naquela mão de unhas vermelhas descascadas. Dei uns tapas na calça e olhei pra ela. Ria descontroladamente.


- Não acreditei quando você ficou deitado ai por mais de 20 minutos!

- Não tinha lugar melhor para ir. E em casa não tem mais bebida alguma.

- Esperei pra ver o quanto aguentaria. Mas como não se levantava fui ver se ainda estava vivo. - e ela continuou a rir.

- Obrigado e até!

- Espera!

- O que?!

- Sabe onde fica um condomínio chamado Sunrise?

- Eu moro lá! Vamos que eu te levo!

- Ok!

O condomínio Sunrise é um condomínio de kitnets. Ou seja. Sem nenhum cômodo alêm do conjugado de quarto-cozinha-sala-de-estar e um banheiro separado. Lá só moravam desempregados, drogados, traficantes, estudantes universitários pobres, prostitutas e algumas famílias de imigrantes. Só os excluídos iam pra lá. Fui pelo preço já que meu emprego de vendedor não me paga tão bem.

Ela tinha um cabelo preto cortado bem curto. Estava de calça jeans. Um sapato normal. Uma blusa vermelha e uma bolsa colorida do lado direito e uma mala de rodinhas do lado esquerdo. Não era tão bonita e nem feia. Mas tinha uma incognita intrigante no seu sorriso. Subimos juntos. Ela se mudou para o 2º andar, apartamento 203. Eu morava no 4º, apartamento 401. A judei com as malas e subi.

- Obrigado pela ajuda! - me disse quando entrei no elevador. Antes de poder falar alguma coisa a porta se fechou.

Me joguei na parede no elevador e me olhei no espelho. Precisava cortar o cabelo. A barba estava bem. Desci e fui até o mercado. Comprei duas garrafas de vinho tinto e voltei pra casa. Bebi uma na primeira hora e dormi. Não sei que horas eram. Mas uma batida na porta me acordou.

- Tem alguma bebida ai? - era ela na porta. Descalça. De shorts e camiseta branca. Antes de pensar alguma coisa vi a tatuagem em seu ombro. Várias abelhas cobriam o seu ombro esquerdo.

- Entra ai que tenho um vinho! - ela já foi entrando e sentando na minha cama. Eu não tinha um sofá. Apenas duas cadeiras. Uma mesa. Um armário. E um toca discos.

- Espera ai que vou buscar um disco! - Saiu correndo enquanto que colocava os copos e o vinho aberto na mesa. Demorou uns 15 minutos e voltou toda animada com um disco preto na mão.

- Coloca ai pra gente!

- O que é isso?!

- Jhonny Cash. Um disco novo dele que eu adoro! - peguei o disco e coloquei pra tocar. A primeira música que tocou foi I won't back down.

Nos servi e ficamos ali escutando o som tocando a melancolia daquele velho. Ela se sentou com um dos pés na cadeira e ficava olhando meu apartamento.

- Você quase não tem móveis. Nem dá pra dizer que alguém mora aqui!

- Uhum! Ganho pouco. Não dá pra fazer nada.

- E você trabalha em que?

- Sou vendedor?

- Vende o que?

- Coisas! E você o que faz?

- Vende que coisas?

- Coisas!

- Como assim?

- Quer beber ou comprar algum de meus produtos. - virou a cara pra mim.

- Você é meio grosso, sabia!

- Sei sim... não gosto de gente!

- Humm... eu sou artista. Faço curso de artes plásticas.

- Pinta ou o que?

- Pinto um pouco e faço esculturas de madeira de vez em quando. Como gasto muito com materiais me mudei pra cá por conta do aluguel barato!

- Vivo aqui porque não tenho dinheiro mesmo. - ela enfia a mão no bolso de traz e tira uma carteira de cigarro.

- Posso fumar?

- Pode! Me dá um ai... - peguei um cigarro e acendi. Só me lembro dela indo embora com a garrafa de vinho pela metade. Disse que tinha aula logo cedo e que não poderia beber mais.

Dormi até as 9:00. cheguei uma hora atrasado no emprego. Minha chefe brigou comigo e disse que iria descontar todas as comissões das vendas que faria naquele dia. Ela sempre me roubava nas comissões. Só recebia as das menores vendas. Sei que ela colova as maiores no nome dela. Mas era um emprego e eu tinha de aguentar até não ter mais grana pra pagar minhas contas e minhas garrafas de bebida.

Passei no mercado e comprei dois maços de cigarro e uma garrafa de wisky barato. Ela estava na porta do prédio conversando com Wallacy. Um amigo que de vez em quando vinha tentar pegar uma grana emprestada comigo ou beber de graça. Tentei passar como se nem os conhecia. Mas não deu muito certo.

- Não cumprimenta mais os amigos! - Ele já veio me abraçando.

- ah... nem tinha visto que era você.

- ok... e ai vamos tomar alguma coisa mais tarde?

- Vou descansar. To bem cansado.

- Mas a sua nova vizinha aqui disse que vai pagar uma garrafa de vinho pra compensar a que bebeu ontem na sua casa!

- Uma amiga minha vem me visitar hoje. Se vocês quiserem se juntar a gente sem problemas.

- Claro que vamos fazer uma festa hoje no ap do meu chapa aqui. - minha casa ia ser invadida por três pessoas estranhas.

- Que bom porque o meu apartamento ainda tá uma bagunça! ah... qual é o nome daquele vinho que tomamos ontem? É muito bom!

- Santa Helena! - respondi subindo as escadas.

- Vou compra uma garrafa pra gente mais tarde então.

- Ok! - Entrei no elevador com Wallacy do meu lado todo feliz.

- É hoje heim. A de cabelo preto já está na sua. Vamos torçer pra amiga dela ser mais ou menos.

- Uhum! - abri meu wisky e dei um trago.

Elas chegaram lá pelas 21:00. Wallacy só falava de apostas e quanto ele tinha ganho no poker essa semana. Mas não comprava nenhuma bebida pra gente. Só tomava a minha. Ela veio novamente de shorts e camiseta branca. A amiga era baixinha. De cabelos castanhos e usava um vestidinho florido. Parecia descendente de índios. Mas era linda. E parecia que as duas já estavam chapadas. Não sei o que tomaram. Mas parecia bom. Bebemos e bebemos até acabar com todo o álcool que trouxeram e que tinha na minha casa. Wallacy tentava a todo custo dar uns beijos na amiga dela. Acho que a menina se chamava Júlia.

- E ae, o que vocês duas tomaram? - Wallacy perguntou.

- Nada! - as duas começaram a rir.

- Vai conta ai! Tem mais? - ela botou a mão no bolso do shortinho e tirou um saco de maconha.

- Poxa e só agora vocês mostram isso! - já era quase 2 da manhã.


Fumamos uns quatro cigarros de maconha. Júlia foi embora de carona com Wallacy. E ela estava dormindo na minha cama capotada com um dos seios amostra e com o botão da bermuda aberto mostrando que não estava de calcinha. Deitei do seu lado pra dormir. Tentar dormir na verdade. Estava de pau duro só de estar do lado dela daquele jeito. Não sei se foi a maconha. Ou os vinhos. Mas não conseguia fazer ele descer. Dormi rápido pelo efeito do álcool. Acordei por volta das 10:00 no chão. Sem cobertor. Me levantei e ela estava na minha cama abraçada com meu travesseiro e nua. Fiquei excitado novamente.

Tomei um banho pra relaxar. Não sei como ela ficou nua daquele jeito. Vesti roupas limpas. E ela continuava dormindo. Sentei do seu lado. Vi aqueles seios branquinhos. Rosadinhos. E de tamanho médio. Aquelas pernas lisinhas e os cabelos da sua buceta. Passei a mão nas suas pernas. Ela se mexeu e acordou.

- Bom dia! - me disse esfregando o rosto!

- Se veste que tenho de sair pra trabalhar!

- Ok! Desculpa por ter dormido aqui, espero não ter te atrapalhado.

- Sem problemas... Foi você que tirou suas roupas né!

- Ah isso! Eu sempre tiro a roupa enquanto durmo. É uma mania.

- Ok. - ela se vestiu e foi embora me dizendo que qualquer dia sairíamos a noite.

Liguei no trabalho dizendo que não iria porque estava no hospital com infecção intestinal. Paguei 50 pratas em uma consulta pra conseguir um atestado.

Um mês passou e nunca mais a vi direito. Nem mesmo pelos corredores. Mas sempre me lembrava dela deitada na minha cama. Dormindo na maior tranquilidade. Alguém bateu na minha porta naquela noite. Achei que era ela vindo tomar mais uma das minhas garrafas de vinho. Abri esperando ver aquele shortinho novamente. Só vi um vestido branco com flores amarelas claras. Era Júlia.

Veio visitar a amiga e como ela não estava resolveu dar uma passa no meu apartamento. Abri uma garrafa de vinho. E começamos a beber. Conversar. Escutar música. Quando dei por mim estava beijando ela e tirando seu vestido. Ela não usava sutiã. Seus seios eram pequenos. Cabiam na palma da mão.

- Me aperta! - ela dizia no meu ouvido. E eu a apertava pela cintura.

- Me aperta mais! Mais! Me bate! Me bate na cara! - demora um tempo pro homem aprender a bater em uma mulher que gosta de apanhar sem machucá-la. Se o tapa sair errado o rosto dela vai inchar ou ficar até roxo. Tem de se bater com a ponta dos dedos levando a mão pra cima. Ai só arde e elas adoram tanto na bunda como na cara.

Ela gostava de ser dominada. De tomar tapas. De fazer tudo que o cara queria. Fazia todas as posições. Era só ter firmeza que aquela baixinha se derretia. Passamos a noite transando. Foi uma boa trepada. Ficamos nessa durante uma semana. E o nível de submissão dela era impressionante. Em uma dessas tirei o pau de dentro dela pra gozar fora.

- Abre a boca vadia! - ela abriu a boca. - engole tudo! - gozei e ela engoliu.

- Obrigado! Eu te adoro! Faz comigo o que quiser! Você é meu homem! Me come! Me fode!

- Ah é! Então deita ai que vou cagar na suas costas!

- Não... isso não!

- Isso sim! Cala a boca e deita ai! - ela aceitou e se deitou no chão!

Fiquei de cócoras. Na posição de cagar. Começei a passar a bunda nas suas costas. Ela tremia. Então enfiei os dedos na sua buceta. Ela estava toda molhada. Acariciava sua bunda. Costas. Buceta. E ameaçava que estava saindo. Ela gozou. Gozou de novo. E eu sai dali. A levantei dei um beijo na sua boca e dormimos. Não cheguei a cagar. Nem iria. Só ameacei pra ver até aonde aquela submissão iria.

Júlia passou a frequentar bastante meu apartamento. E nada mais de sua amiga. Quando ela apareceu na minha porta toda arrumada com um cachecol colorido.

- Pegue as chaves do carro que vamos dar uma volta!

Vesti uma camisa e entramos no meu fusca velho.

- Trouxe algo para a gente! - me disse enquanto eu dirigia.

- O que?

- Um Santa Helena! - tira o vinho da bolsa.

- Que bom. Mas vamos para aonde?

- Em um bar que conheço! Do Léo!

- Vamos beber o vinho antes?

- Não vamos beber lá!

- Ok! - seguimos para o bar.

Sentamos. Bebemos. Conversamos. Ela tocava a minha mão com seus dedos macios. Ríamos. Trocávamos gracejos. Mas todas vez que ela vinha com suas sutilezas esperando uma reação mais direta minha. Eu congelava. Ela conseguia me congelar. Queria beijá-la mais do que tudo. Sentir suas unhas nas minhas costelas. Deixar ela cavalgar em mim a noite toda. Fazer o que quiser comigo. Mas eu não conseguia reagir nas suas sutilezas. Bebemos mais um pouco e fomos embora. Quando estacionava o carro ela me parou e disse:

- Nossa! Estava com muitas saudades de você! Deixa eu te dar um beijo pra você dormir bem!

Segurou meu rosto e me deu um beijo estranho perto da boca, da bochecha e do nariz. Saiu correndo e entrou no prédio enquanto eu guardava o carro. Na minha cabeça veio a música Domingos. Passaram-se alguns dias e Júlia retorna ao meu apartamento. Desde aquele dia não tinha mais visto sua amiga.

- Ela se mudou! Foi pra outra cidade! - Júlia respondeu quando perguntei sobre ela.

- Como?! - achei estranho.

- É! ela foi embora! Largou a faculdade e tudo mais. - sai sem camisa e de calça jeans pra ver o apartamento dela.

Bati na porta. Ninguém respondia. Chamei por ela e nada. Girei a maçaneta e a porta se abriu. Não tinha nada lá. Apenas o cheiro estranho do seu perfume e da maconha que fumava o dia inteiro.

Voltei pro apartamento. Mandei Júlia embora e apenas ouvi:

Nos ouvidos um som de violino

Na frente uma prateleira de imagens

Por fora uma solidão

Por dentro uma indiferença

Na boca um gosto de solidão

No corpo um suéter velho com cheiro de cigarro

No rosto um beijo estranho

No coração um esperança de novo ter algo novo

E

Na mente,

Um resto

De

Humanidade

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Inflação

Ela se aconchegou
no meu dinheiro
segurou minhas moedas
se derreteu sobre meu ouro
mastigou meus diamantes e
cuspiu cacos de vidro no meu rosto
me cobrou por um beijo...

ELA
era uma PUTA!
Mas eu a amei
como nos meus quatorze anos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fumaça hedonística – Parte I



Com a chegada da década de 90 as restrições subliminares que a sociedade impôs sobre os demais no quesito saúde afetaram também aos negócios, mas a que mais incomodou o Dr. Alberto foram às novas leis que restringiam o consumo de tabaco – cigarros e derivados – em locais públicos e de trabalho.

Dr. Alberto, advogado, com aproximadamente 40 anos começou a fumar aos 13 anos de idade, aprendeu a saborear o tabaco, os charutos cubanos caros que comprava de um doleiro, o seu cachimbo com fumo irlandês, mas não deixava faltar no bolso de seu paletó o sua velha companheira, uma carteira de cigarro cheia esperando pelo chamado.

Mas além do cigarro o que mais agradava Dr. Alberto nos últimos tempos era a chegar em seu escritório e chamar Emanuela, sua secretária de 22 anos que acabará de começar o curso de direito, influenciada pelo chefe. Emanuela era loira, com um corpo normal, possuía apenas um busto mais avantajado do que as demais mulheres, mas o que deixava Dr. Alberto excitado eram as saias extremamente apertadas de Emanuela, daquelas que iam até o joelho, ver aquele par de pernas longo zanzando pra lá e pra cá fazia Dr. Alberto se sentir no paraíso.

Tentou várias vezes chamar a secretária pra sair, prometia casamento, roupas, apartamento, tudo que ela quisesse, mas Emanuela sempre respondia sorrindo:

- Ah Dr. Alberto, para com essas brincadeiras e vamos trabalhar!

Dr. Alberto sempre ficava pensando quando ouvia essa resposta: “Será que ela acha que estou brincando? Será que ela não entende que quero ela de verdade ou só está jogando comigo pra ver até onde eu iria pra provar que realmente que ficar com ela. Já faz um ano que fico nessas tentativas e ela sempre responde a mesma coisa, se ela realmente achasse que era brincadeira depois de um ano mudaria sua resposta, essa menina está realmente brincando comigo! Mas ainda a pego de jeito!”

Mas para piorar o desejo de Dr. Alberto, um advogado recém formado, Rubens, que fora recentemente contrato havia se interessado por Emanuela e ela retribuía tal interesse levando cafezinhos e bolinhos para o novo colega de trabalho. Dr. Alberto rasgava pelo menos duas pastas quando via aquela cena e logo mandava Rubens fazer serviço de rua, ficando com apenas um pensamento na cabeça: “Será que é por causa da idade ou ela está me provocando?”

Não demorou muito e aqueles dois começaram a sair para aumentar o sofrimento de Dr. Alberto, dava dó da tristeza com a qual se dirigia para o escritório e dava medo dos acessos de raiva que passou a ter por conta de qualquer besteira.

Para piorar passou a fumar muito mais em seu escritório, ao ponto de incomodar os funcionários, que sempre se dirigiam a Emanuela:

- Vai lá e fala com o chefe que tá fedendo muito aqui, mesmo com a porta fechada a gente ainda sente o cheiro dos cigarros!

- Pode deixar que vou pedir para ele tentar diminuir o cigarro! – Respondia Emanuela e se dirigia a sala do chefe.

- Dr. Alberto? – Perguntava batendo na porta.

- Pode entrar Emanuela!

- Com licença Dr., eu não queria me intrometer na sua vida mas os outros funcionários estão reclamando muito do cheiro de fumaça do escritório do senhor.

- Se não queria se intrometer já se intrometeu! Você me vê falando alguma sobre o seu comportamento?! Vê? Vê? Claro que não, ainda mais quando está saindo com um frangote feito o Rubens, isso sim é algo que incomoda os outros! Agora sai da minha sala e vai fazer o seu serviço!

- Claro Dr., desculpa incomodar.

Ela sai da sala meio atordoada. Todos no escritório estão estáticos vendo-a se sentar em sua mesa. Escutaram apenas um murmúrios, mas sabiam que havia tomado uma bronca. Foi a primeira vez que Dr. Alberto a tratara assim, nunca havia sido grosseiro com ela. Mas o que mais a incomodou foi a fala sobre o seu recente namoro com Rubens. Percebeu que todas as vezes que achou que Dr. Alberto falava aquelas coisas pra ela não eram brincadeiras. Pensou instantaneamente em largar o emprego. Não sabia se poderia ou não continuar trabalhando ali. E do nada lágrimas começaram a correr em seus olhos.

- O que aconteceu Emanuela? O que ele te falou? – Perguntava Rubens, mas ela só ficava chorando o que acendeu a chama animalesca de proteção da fêmea amada em Rubens.

- Eu vou tirar satisfação com ele! Quem ele pensa que é? – Falou Rubens saindo em passos largos e pesados em direção a sala do chefe.

Foi parado apenas por um som baixo, mas ainda pesado que chegou aos seus ouvidos quase como um sussurro. Era Emanuela.

- Se você entrar naquela sala estará tudo acabado entre nós!

Aquela pequena frase o congelou. Suas pernas que caminhavam firmes pareciam gelatina agora. Tentou argumentar.

- Mas...

- Fique quieto e volte ao trabalho! – Foi interrompido antes mesmo de completar uma frase.

Seguiu calado para sua sala. Igual a um preso que segue condenado para a sua cela com apenas o sentimento de ter sido abandonado por todos. Se sentou jogando o peso da dor e do medo que aquelas palavras caíram sobre sua cabeça.

Já na sala de Dr. Alberto este estava transtornado com as palavras que havia dito não conseguia pensar direito: “E agora? O que será que vai acontecer? Eu não deveria ter sido grosseiro com ela, e se ela se demitir? Pior que isso, ela agora sabe que estou com ciúmes do relacionamento dela?”. Só passava a mão na cabeça desesperado. Não conseguindo ficar ali, deu o seu expediente por terminado. Foi para casa se encharcar no whisky e em seus charutos cubanos.

Emilíana Torrini - Jungle Drum


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